quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Sal da Língua

Escuta, escuta: tenho ainda uma coisa a dizer. Não é importante, eu sei, não vai salvar o mundo, não mudará a vida de ninguém - mas quem é hoje capaz de salvar o mundo ou apenas mudar o sentido da vida de alguém? Escuta-me, não te demoro. É coisa pouca, como a chuvinha que vem vindo devagar. São três, quatro palavras, pouco mais. Palavras que te quero confiar, para que não se extinga o seu lume, o seu lume breve. Palavras que muito amei, que talvez ame ainda. Elas são a casa, o sal da língua. Eugénio de Andrade

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3 Comentários:

Blogger Jelicopedres disse...

Também leio e, releio, o nosso grande Eugénio de Andrade.

O Olhar
"Eu sentia os seus olhos beber os meus;
longamente bebiam, bebiam, bebiam
até não me restar nas órbitas nenhuma luz,
nenhuma água,
nem sequer o sinal de neles ter chovido
naquele inverno.
Eugénio de Andrade
Rente ao Dizer

(para a Fátima)

2 de outubro de 2008 às 16:39  
Anonymous Anónimo disse...

Certamente não emudecerei com palavras tão belas, esse "sal da língua"...
...apenas me demoro mais um pouco a saboreá-las, estas que me são tão caras...

Obrigada!
Kat

3 de outubro de 2008 às 10:16  
Blogger Carolina disse...

Também ele dizia: "São como um cristal, as palavras..."
;)

5 de outubro de 2008 às 14:02  

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