domingo, 15 de dezembro de 2013

Flores do Dia

Quando der para sossegar, poremos os olhos então serenos, nas coisas líquidas, perdidas, inatingíveis que sempre temos por perto. Desatamos a fingir o choro que cai pesado sobre a exatidão do tempo e perdemo-nos enrocados nas mantas do sono que não chega e que vai teimando em manhãs claras. Por vezes, conseguímos mover as mãos geladas de pétalas azuis que desfolhamos no meio da respiração crepitante de um amor ido. Chegam, agora, as velhas manias. Crescem as janelas fechadas e as portas sem cor sobre quem pensa poder rasgá-las na nostalgia do ser. Assim, os vasos de azuis esplendam ao sol do inverno frio. Almas vazias, ainda que gritantes de cor.Tomam o chá quente por chávenas desbocadas, as mulheres quietas na tarde de cerimónias e tudo se esconde para lá das flores azuis de vasos perfeitos.

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sábado, 27 de julho de 2013

Migrante

Se me arremesso, estremeço, esqueço
De repente, tropeço, impeço e despeço
Numa corrida louca, oca, na boca
O sorriso, o siso, o guizo no friso.
Estalada, fachada fechada, rachada
Uma tarde assim acabada no nada.
Eu já partida, esbatida, sem vida
Esvoaço, passo a passo no espaço
Pássaro avaro do sonho tristonho
Enleio, chilreio, do meu seio as vozes!

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terça-feira, 7 de maio de 2013

Hoje




No céu da tarde
Sem princesas nem piratas
Caravelas luminosas
Voam ao lado de borboletas
(multicolores)
e andorinhas de primaveras azuis...

Assim, é a esperança que me povoa!

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domingo, 5 de maio de 2013

Dia da Mãe

Hoje é o dia da mãe. Mas não o será todos os dias? Haverá algum dia que não seja dia de pensar nelas? Nessas mulheres que, com o seu amor e a sua força, num grito de dor nos pariram e sorriram? Nessas mulheres suaves e doces que souberam sempre acariciar-nos, beijar-nos, pôr as mãos para que não caíssemos?
Elas que espevitaram e espevitam o destino para dele afastar o nosso sofrimento, a nossa mágoa, a nossa tristeza, a nossa frustração.
 Elas que nos suportaram em todas as nossas crises, birras, desencantos, aflições, doenças e vaidades.
Elas que ouvem o nosso coração, a nossa respiração, o nosso riso, o nosso canto.
Elas que es esforçam para nos acompanhar plenamente, felizmente!
Elas que nos abraçam com força, num amplexo de verdade, sem falsos pudores, sem falsos sentimentos.
Elas, as mães , que sabem sempre  o que nós pensamos, o que nós queremos, o que nós somos!
As mães são, assim, seres extraordinários, entes quase mágicos que povoam a nossa existência e a vão dourando de confiança, conforto e, sobretudo, de um amor inigualável.
Mãe, eu gosto muito de ti. Gosto de gostar. De te querer bem. De em ti confiar. De desejar que estejas bem, com saúde e aqui, sempre junto de mim. 

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Mito





Está tão calma
Só  portas fechadas de silêncio
A rua ainda assim
Aflige ...

Sem lua
Sem cão e sem mendigo
Sem café na esquina
Só noite

A desvendar  fantasmas...
A inventar neblinas...
Cavaleiros de batalhas derradeiras
Em esperanças vãs.

Só noite.


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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Paixão

Fui à feira  das borboletas
e comprei borboletas
para ti,
meu amor...
Fui à feira dos licores
e comprei licores
para ti,
meu amor...

Fui à feira do ferro velho
e comprei correntes
fortes correntes
para ti,
meu amor ...
Fui à feira de escravos
Olhei por todos os lados
mas não te encontrei,
meu amor.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval



O Carnaval sempre me fascinou. Desde criança, pois que morava em Sines, ia assistir ao cortejo. Os carros alegóricos (desenhados nesses anos por Emmerico Nunes) pareciam-me enormes e maravilhosos. As máscaras misteriosas assustavam-me um pouco... mas aguçavam-me a imaginação. Na 3ª feira Gorda, o Carnaval era a valer com um final destrutivo, em que, para além das bisnagadelas de água, não faltavam os saquinhos de pano colorido, cheios de serradura que eram atirados a todos de todos os lados. Eu apanhava com eles e, apesar do desagradável da situação, adorava, já que os apanhava para com eles depois brincar.
Naquele tempo, tal como agora, os sinienses tinham vaidade no seu Carnaval que durava de Sábado a 4ª Feira de Cinzas com o Enterro do Entrudo, evento que em muito me intrigava, pois a mistura da morte com o humor ainda me fazia confusão! Eram dias em que toda a gente se divertia. Pelas ruas, havia ranchos mascarados que iam a casa de quem conheciam. Era animado, reconhecer aqui e além gente nossa amiga metamorfoseada de cigana, de caçador, de fantasma, de carochinha, de mulher do monte ou outra coisa qualquer!

O Carnaval de Sines este ano teve o seu esplendor. O mau tempo não ajudou, mas o calor de quem o viveu deu e sobejou!

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