sábado, 15 de novembro de 2008

Navio

Tenho a carne dorida
Do pousar de umas aves
Que não sei de onde são:
Só sei que gostam de vida
Picada em meu coração.
Quando vêm, vêm suaves;
Partindo, tão gordas vão!
Como eu gosto de estar
Aqui na minha janela
A dar miolos às aves!
Ponho-me a olhar para o mar:
—Olha-me um navio sem rumo!
E, de vê-lo, dá-lhe a vela,
Ou sejam meus cílios tristes:
A ave e a nave, em resumo,
Aqui, na minha janela.

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2 Comentários:

Blogger Jelicopedres disse...

Voltei, Fátima!
Não estou esquecida, as solicitações são, em catadupa!
Mas, eu gosto assim!
Parar é, morrer e, eu não quero morrer tão cedo...
- Muito bonitos estes versos de Vitorino Nemésio!
Recordo ainda os inícios de noite ao fim-de-semana, em que, não perdia um programa sequer deste Senhor.
Um beijinho para si.

16 de novembro de 2008 às 08:43  
Anonymous Anónimo disse...

Não
Nunca perdi um "se bem me lembro", que estivesse na TV e ainda tive o privilégio de ser aluno de um aluno do grande Nemésio, que de modo deliciado narrou que o seu Mestre um dia se esqueceu (será?) do assunto da aula. Tendo sido avisado que devida falar de outra "cousa" encertou uma dissertação sobre a "cousa" e terá dado uma aula brilhante.
Esta naturalidade de quem tem um mundo para dar não se replica numa avaliação que só tem em conta a normalização dos saberes a transmitir, não serve ao novo modelo, não serve a quem é obrigado a dizer sim ao "Livro único".
A palavra não é a única que eu evito no dia a dia. Amanhã tenho que a usar, se assim não for troco--a por "já basta"
Filipe Fino

17 de novembro de 2008 às 16:44  

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