sábado, 26 de julho de 2008

As velhas


As mulheres de oitenta anos sentam-se em todas as cadeiras
como se estivessem sentadas em tronos. Podem ter anéis
nos dedos, como podem ter lenços de assoar nos bolsos.

Em natais, festas de aniversário com pão-de-ló, ou em
casamentos, as mulheres de oitenta anos reúnem uma
assembleia de afilhadas solteiras e explicam-lhes

que a vida é transparente e que o passado, fechado em
armários que rangem durante a noite, brilha às vezes, como
as pratas dos chocolates que entregam nas mãos das crianças.


José Luís Peixoto

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2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

No dia dos avós, vem mesmo a calhar este excelente poema do José Luís Peixoto! A vida transparente que só as mulheres podem transmitir...A mais valia das que têm a pose de quem viveu oitenta anos e uma vida de experiências. Lindo!

26 de julho de 2008 às 16:29  
Anonymous Anónimo disse...

Só mesmo a professora para se lembrar de postar um poema lindo sobre a velhice!Gostei tanto!

26 de julho de 2008 às 16:36  

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