Quem me dera...
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada.
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada.
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Poema XVI, Alberto Caeiro
Etiquetas: Outras Vozes
2 Comentários:
Se eu fosse um carro de bois, seria alguém muito mais simples e feliz!
Este poema de Caeiro seduz todos aqueles que desejam viver apenas, sem complicações, sem atritos, num caminhar natural e verdadeiro pela vida. Assim como tu o fazes, apesar das muitas e poderosas barreiras com que te defrontas...
Não penses, porque é cedo ainda, em ficar inibida das rodas, mas antes as faças rolar sempre a direito na conquista dos teus dias!
Não se encha de amargura. Acalme o cinzento de certos dias e reencontre o equilíbrio que, de certo modo, a caracteriza. Deixe-se ir, rodando pela vida, sempre assim, espontânea e convictamente. O seu trabalho, sabemos, engrandece-a. Hoje e sempre.O resto não lhe interessa...Não me interessa.
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