Homenagem
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos, com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente dentro do fogo.
Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Herberto Helder
Etiquetas: Outras Vozes
8 Comentários:
Saramago foi, é, e certamente continuará a ser um verdadeiro "case study" para mim.
Era ateu, tal como eu, era um acérrimo defensor do Iberismo, tal como eu, e era um homem de esquerda, tal como eu.
E era, acima de tudo, um génio da nossa cultura.
Em suma, teria tudo para eu praticamente o idolatrar. Mas a verdade é que nunca gostei do senhor, da sua postura, da forma demasiado autoritária e absolutista como expunha as suas ideias. Eu até me revia na maior parte delas, mas a forma como ele as expunha é que me causavam a repulsa em relação a ele. E infelizmente nunca consegui ultrapassar uma falha minha enquanto leitor, que foi o facto de me ter deixado sempre inquinar pela antipatia que nutria pelo senhor e não ter nunca, até hoje, conseguido mergulhar na sua obra.
Mas o defeito é meu, de certeza.
Hoje, no entanto, e perante o vulto e a obra deste grande senhor da cultura Portuguesa, presto-lhe a minha sentida homenagem, e curvo-me perante a sua existência.
Pode ser que um dia, mais tarde, o veja de outra forma.
Paz à sua alma.
Não morreu!
"Deixou de estar" como ele dizia.
Sabe Eduardo, eu também tive muitos momentos de "não gostar", depois fui gostando...
Às vezes os "ares duros" são apenas defesas, carapaças de tartaruga, manhas, artifícios, disfarces, máscaras.
"Bem-me-queres" camuflados!
Ou talvez não! Sei lá!
;)
Eduardo, a sua visão de Saramago pessoa amarga e indisposta é a de muita gente. Mas... Acredite, Saramago é tão diferente! Uma pessoa tão inteira, tão humanísta... E uma doçura. Falei com ele uma vez e fiquei-lhe ainda mais rendida! Aquilo de que você o acusa são, como nos diz a nossa Carolina, carapaças, carapaças... Os homens das letras são sempre o drama em gente, não se esqueça!
Já pessoas dizia "hoje sinto-me vários" ou " o poeta é um fingidor" (criador de múltiplos modos de ser e de sentir!).
Temos, pois, que lhe render homenagem e aprender nas suas palavras as imensas visões do mundo, as vastas reflexões que nos obriga a fazer.
Desculpem e m vez de "pessoas" , devem ler Pessoa (o Poeta, claro)
Delicioso, o teu lapsus linguae... pessoas, pois: Saramago - Pessoa - gente com P grande.
Olha, tinha saudades, e deixei-as à solta. Vieram até aqui, descansar um bocadinho contigo, amiga com P grande.
Carolina e "Banalidades", terão sido carapaças como dizem, talvez, quem sabe ?
De facto os génios das letras são muito dados a esses "enredos".
Vou deixar passar o tempo, e um dia, com o distanciamento necessário irei, seguramente, lê-lo com a devida atenção.
Ele fechou os olhos numa cegueira para sempre e voga na sua jangada de pedra, visando a construção de um outro convento mais elevado que nem numa viagem de elefante e perante todos os nomes, perserva as persistências da morte. Assim este também é o ano de José Saramago, num evangelho de lucidez em que o cerco não se fechou porque levantado do chão para sempre!
Como eu o admiro! Só posso assim deixar que as suas obras me invandam e me continuem sempre a deliciar! Só lhe posso dar um adeus e até sempre.
Eu precisava de vir aqui, Fátima.
Para lhe dizer que esta postagem e esta fotografia de Saramago, me encantaram!
Ele está com uma expressão, ÚNICA!
De todas as fotografias que vi até hoje dele, esta é muito especial para mim.
Obrigada.
Beijinho
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