segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Arrepios

Neste final de dia,
correm as nuvens,
num entardecer alaranjado
sobre a lonjura do mar...
Se o Outono principia tão azul quanto o Verão
já desde o primeiro dia
que se me doura o coração
num sentir de amor,
num não sei quê de melancolia,
numa qualquer coisa
que irradia da palma da tua mão
e, mesmo sem querer,
me arrepia tal fosse o toque, a canção,
a carícia, o coração...

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cântico

A paz está na liberdade que desejo...
Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha persistente teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente que me prende.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho da menina
Que se afogou na esperança e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter bebido a lua!

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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mordaça

Resta-me um rosário de coisas não ditas
Pensadas e remoídas nas entranhas maceradas
Do pensamento que se desgasta...
Desmemórias colhidas nas tardes
Feitas silêncio e distância.
Como numa concha.

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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ausência

Em Setembro entardeço nos dourados
dias ténues da minha saudade.
Toco a teia de ausência nesta tarde
que pressente o Outono.
E o silêncio gruda-se-me na pele
e arde qual lamento
de gato ou cão sem dono,
colhendo, assim,
o fado de uma existência vazia, sem ti.
Resta-me este réquiem de abandono
sem perdão que ora entôo!

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domingo, 6 de setembro de 2009

A gosto

Foi a gosto.
Calor.
Clara claridade claríssima clarente.
Clara e quente a perscrutar os corpos ardentes
e as almas.
Claro vento, ventania que canta claro
a despertar frutos e cores cheiros e flores e sabores.
Claras águas de ondas claras, sabor a sal.
Mar azul claro, onde mergulha o calor quente
dos corpos ardentes.
E as almas quentes?
Amores? A gosto .
Agosto.

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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Jesusalém

(...) “«Jesusalém». Aquela era a terra onde Jesus haveria de se descrucificar."
" - Ninguém é de uma raça. As raças - disse ele - são fardas que vestimos (...) eu aprendi tarde demais, que essa farda se cola, às vezes, à alma dos homens."
“Durante anos, meu pai foi uma alma doce, seus braços davam a volta à Terra e neles moravam os mais antigos sossegos. ( ...) Hoje, eu sei: meu pai tinha perdido os Nortes. “
"Não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. O pássaro voa simplesmente porque o deixam ser pássaro.”
“Não chegamos realmente a viver durante a maior parte da nossa vida. Desperdiçamo-nos numa espraiada letargia a que, para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência. No resto vamos vagalumeando, acesos apenas por breves intermitências.”
“A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado.”
Jesusalém (excertos), Mia Couto

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