quinta-feira, 22 de abril de 2010

Presente

Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.
Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.
Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.
Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.
Ary dos Santos

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sábado, 10 de abril de 2010

Bem-me-quer

Ai, ai, até quando, até quando,
Me hão-de os malmequeres
Caprichosamente continuar a mentir?

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domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa

Não sou sequer alguém que possa fazer
Saltar da mancha de sangue na cruz crudelíssima
O delicado porte do filho de Deus!
Não sou capaz tão pouco de expô-lo
Aos olhos dos que me lêem
Como quem possa tocá-lo!
Quem me dera poeta que pudesse vê-lo...
Contudo, estou de vigília:
Pequena cabeça desapoiada na coroa de espinhos,
A boca aberta na sede do sal,
Os olhos cerrados para as estrelas.
A miséria continua a clamar diante de mim,
Diante dele, diante de todos, impiedosamente!

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