quinta-feira, 29 de maio de 2008

Para ti














Foi para ti que criei as rosas
Foi para ti que lhes dei perfume
Para ti rasguei ribeiros
E dei às romãs a cor do lume.


Engénio de Andrade

Etiquetas:

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Leio



















Quando leio é como se saísse de mim, entrasse subitamente em espaços, em intimidades que surgem, ali mesmo, na beira do meu pensamento e no enleio do meu devaneio.
Quando leio é como se alcançasse vidas e as tivesse como minhas.
Quando leio é como se ficasse mais viva e dona do tempo.
Leio. Folheio-me. Acrescento às coisas o que elas não são.
Leio.

Etiquetas:

As mulheres do meu Pai




"Acordei suspenso numa luz oblíqua. Sonhava com Laurentina. Ela conversava com o pai, o qual vá-se lá saber porquê, tinha a cara do Nelson Mandela. Era o Nelson Mandela, e era o pai dela, e no meu sonho tudo isso parecia absolutamente natural. Estavam sentados ao redor duma mesa de madeira escura, numa cozinha idêntica em tudo à do meu apartamento na Lapa, em Lisboa. Sonhei também com uma frase. Acontece-me frequentemente. Eis a frase:
- De quantas verdades se faz uma mentira?"

in AS MULHERES DO MEU PAI, José Eduardo Agualusa






Etiquetas:

terça-feira, 27 de maio de 2008

Aquele que amo

Aquele que amo

Disse-me

Que precisa de mim.

Por isso

Cuido de mim

Olho meu caminho

E receio ser morta

Por uma só gota de chuva.

Bertold Brecht

Etiquetas:

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sou um(a) evadido(a)



Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.


Fernando Pessoa

Etiquetas:

domingo, 25 de maio de 2008

Teatro de mim




É uma coisa já velha. Este gosto pelo jogo, pelo faz de conta, pelo desdobrar da personalidade...


Quando menina, de olhar aceso, subia, pé ante pé, até ao sótão da grande casa. Aí, esquecida dos outros, ganhava máscaras que compunha fervorosamente com saias de anquinhas, vestidos de veludo e grandes decotes, xailes puídos e misteriosos, chapéus de flores e plumas, sapatos de tacão e fivelas exuberantes. Depois, em cima de um estrado, examinava-me, mostrava-me, falava e gesticulava como se não fosse eu. Era a senhora serena e elegante que bebericava chás pela chávena de cavalinho que para lá tinha sido abandonada; era a moça do campo, cheia de saias e carregos de roupas para lavar ou de quartas à cabeça e que calcorreava o pó esquecido daquele lugar numa alucinante faina quotidiana. Ás vezes, aparecia também um cavalheiro ou dois, de calças às riscas e chapéu de côco ou simplesmente de palhinhas! Sempre uma animação. Era um corre- corre de gente. E eu sempre ali, sendo eles e sendo eu, morta de gozo na plena sedução do jogo!

Sem saber, nascia em mim um profundo gosto pelo teatro!


Etiquetas:

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Toucinho do Céu




250g de amêndoa passada sem pele
500g de açúcar
1 colher (chá) de manteiga de vaca
1 colher (chá) de farinha Maizena
12 gemas de ovos
q.b. de gila

Põe-se a açúcar ao lume (com um pingo de água) até fazer ponto de pérola. Deita-se-lhe a manteiga. Retira-se do lume e deixa-se arrefecer. Deita-se-lhe a amêndoa e mexe-se tudo muito bem. Seguidamente, juntam-se as gemas previamente batidas. Vai ao lume no mínimo. Mexe-se sempre cuidadosamente para não pegar. Quando fizer estrada no fundo do tacho, retira-se do lume e deita-se metade desta mistura numa forma de bolo inglês; no meio deita-se um pouco de gila e cobre-se com a parte restante da mistura. A forma deve ser untada e forrada com papel vegetal. Vai ao forno brando.

Etiquetas:

O Amor



Sim? O que seria do Amor? O que seria do Amor, sem Teresa e Simão, Carlos e Joaninha, Pedro e Inês, Blimunda e Baltasar? Todos subservientes à Literatura, no limbo iniciático da escrita que se lhes impõe!E o que seria do ódio e da esperança, da rebeldia e da serenidade, das manhãs claras e dos mares profundos, das escarpas e das quedas, do linho e do "chamelote", dos escárnio e dos louvores, do pensar e do sentir, da dor e da alegria, deste mundo e do outro, se não fosse a Literatura? Coisa nenhuma? Não. Mas muito menos!

Etiquetas:

Música


A música seduz-me. Quando era pequena, ficava horas a fio, olhando os dedos que, como borboletas, retiravam das teclas do piano sons inebriantes!Acontece-me ouvir música com frequência, escutar, dentro e fora de mim, sonoridades, harmonias e ritmos que me inquietam e lançam na voragem do prazer; tumultos de êxtase que me elevam e sublimam! Estar e não estar! Deixar de sentir, como Garrett, a vida de relação e apenas existir por dentro!Acontece-me ouvir música quando escuto a água lá fora, vozes de crianças no jardim, asas de andorinhas nos beirais, gritos coloridos de mulheres, rumores saborosos de vida... Uma dádiva, a música!

Etiquetas:

Antes de tudo, não falar


Antes de tudo, não falar.

Procurar a origem por dentro do que se não diz.

Ouvir. O que é dito. Ou simples sons: um pássaro, uma goteira, um uivo, um remo...

Abrir os olhos. Conhecer. Pura curiosidade.

Vagueio-me. De mim, só encontro indícios.

Etiquetas:

Apresentação



Hoje, apeteceu-me blogar. Por isso, resolvi-me e aqui estou!

Vou, pois expor as minhas banalidades. Coisitas sem importância. Assuntos meus e de outros que tão só importam porque surgem na banalidade dos tempos e da vida que me persistem. Pequenos nadas. Restos de mundo. Miuçalhas de mim. Baba dos meus dias. Teias de aranha que me enredam. Sopros de luz!

Etiquetas:

BlogArchive Blog Feed Cabeçalho HTML SingleImage LinkList Lista Logotipo BlogProfile Navbar VideoBar NewsBar