sábado, 27 de fevereiro de 2010

Perdição

Meu ser tão imperfeito, busca o perfeito.
Meu peito tão quieto de paz, mas sem paz.
Meus olhos tão largos, agora verdades desfazem.
Partir é chegar noutros lugares antes da vida seguir...
Apanhar o mar e partilhar-lhe as águas.
Como uma criança grande que já há muito se perdeu,
Sou gole de água fresca que não se bebeu...
Sou roseira que jamais floriu...
Sou aragem de vento que ninguém sentiu...
Persistem lábios fechados para me beijar,
E lembranças felizes para me matar.

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Restos

Tanto faz se chove
Vendavais de nuvens
Ou sequelas da friagem dos dias...
Já não há reflexo
Ou sombra reflectida sob o sol.
Sequer há sol!
Resta apenas um vago rumor de ausências.
Um ramo de amendoeiras floridas
No muro tosco talhado de pedra
Um olhar vago e cinzento: o meu.

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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Amor

“Amor é...
Ver-te chegar num eco de ave,
e deixar que me prendas
com o teu gesto mais suave,
sentir-te, só, ao pé de mim,
e sentir-me tão só longe de ti...”
Nuno Júdice, Geometria Variável

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Amor

Se um dia, nós nos amássemos;
Se um dia, nós nos quiséssemos;
Se os dois nos emparelhássemos...
Se juntos os dois vivêssemos!
Se juntos os dois morássemos?
Se juntos os dois dormíssemos...
Se juntos os dois, depois, morrêssemos!
Se, então, ao céu nós subíssemos?
Se acontecesse que São Pedro
A porta do céu não nos abrisse
E se eu me encostasse e tu e eu insistíssemos?
Talvez tu te resolvesses e a porta arrombasses...
Tarvez ali os dois ficássemos
Tarvez dali os dois caíssemos...
Uma vez o céu arrombado, escancarado
Talvez dele as virgens todas fugissem!!!

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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ternura

"Não posso viver sem ternura... É o meu mel!..."
Pepetela, Muana Puó

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lar

"Lar é onde se acende o lume e se partilha mesa e onde se dorme à noite o sono da infância. Lar é onde se encontra a luz acesa quando se chega tarde. Lar é onde os pequenos ruídos nos confortam: um estalar de madeiras, um ranger dos degraus, um sussurrar de cortinas. Lar é onde não se discute a posição dos quadros, como se eles ali estivessem desde o princípio dos tempos. Lar é onde a ponta desfiada do tapete, a mancha de humidade no tecto, o pequeno defeito no caixilho, são imutáveis como uma assinatura conhecida. Lar é onde os objectos têm vida própria e as paredes nos contam histórias. Lar é onde cheira a bolos, a canela, a caramelo. Lar é onde nos amam. "
O Sétimo Véu, Rosa de Lobato Faria
Deixei-te inevitavelmente partir! Deixaste-me tanto... Rosinha... Encantos, verdades, recordações, Emoções! Enredos! Vidas! Uma dedicatória e um sorriso. Custa ter de to dizer... Adeus!

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Escrever

- E porque é que ficam calados depois? - Porque já não têm mais nada de importante para dizer.
Fiquei a pensar na tua resposta: "Ficam calados porque já não têm mais nada para dizer." E fiquei a pensar no que me tinhas dito antes, sobre os "sahraoui". "Como não têm nada, absolutamente nada, poupam tudo. Poupam a água, a comida, as energias, viajando de noite para evitar o calor. Até poupam nas palavras."
- Mas tu não poupas as palavras: tu escreves. Todas as noites gastas horas a escrever um diário nesse teu caderno...
- Escrever não é falar.
- Não? Qual é a diferença?
- É exactamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."
No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares

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