quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Escrever

"Ao escrever sobre o que sentimos acabamos por vezes a sentir o que escrevemos porque o escrevemos. Explico-me. Às vezes, escrevem-se coisas porque vão umas com as outras, porque rimam significados ou simplesmente ficam bem. Porque as palavras procuram outras de uma certa maneira irrecusável. E depois já está. As palavras possuem esse poder de moldar o que a mão ao escrevê-las queria dizer. Escrever não é um acto de um sentido só, uma espécie de rua de sentido único entre o que temos dentro e o que aparece de fora, escrito. Este «de fora» que parece ser a escrita, se molda o que depois ao ler sentimos, é porque está ainda «de dentro». Mas às vezes o cansaço apodera-se de nós, e temos vontade de parar. Não sei se de escrever se de sentir, possivelmente de estar sempre a pensar nisso. Parar: vontade de fechar os olhos e ver." Dylan Tomas

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sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ausências

A casa está vazia, esvaída.
Nada nela se mexe, tudo está parado Numa espécie de contenção, De espera muda e desesperada. Ainda persistem ecos vazios de palavras. Só o olhar aveludado do meu cão E a sua infinita entrega. Na noite, nada. O silêncio entornado nos lençóis.

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Saudade

Antes de partires Já a saudade existe. Nos vidros nublados da janela. E do dia da vida. O céu se acinzenta. Os pássaros silenciam-se no arvoredo. A mim, talvez se me embranqueçam mais depressa os cabelos, Talvez um milímetro a menos se me alargue o sorriso. Talvez escreva um poema inútil, Nesta madrugada dorida De um Fevereiro Que é separação, solidão e não vida!

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Amor

Tira-me a luz dos olhos: continuarei a ver-te...
Tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te...
E embora sem pés caminharei para ti...
E já sem boca poderei ainda convocar-te.
Arranca-me os braços: continuarei abraçando-te
Com o meu coração como com a mão...
Arranca-me o coração: ficará o cérebro,
E se o cérebro me incendiares também por fim,
Hei-de então levar-te no meu sangue.
Rainer Maria Rilke, Cartas a um Jovem Poeta

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vida desmedida

Não. Não tenho limites. Quero de tudo Tudo.... Sou uma fonte incontida De viver. E o que redime a vida É ela não caber Em nenhuma medida. Miguel Torga

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sou

Tenho a certeza que
Se eu fosse uma aranha
E acordasse na madrugada
Para os exercícios diários
De tecer teias enredadas
Seria, provavelmente, muito mais feliz
Que esse ser - que sou - enfadonho e amargo.

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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Inverno de mim

Penso e torno a pensar Porque nada pedi e tudo perdi Deixo que se prolongue este Inverno E o muito frio que me envolve. Deixo-me ficar aconchegada, Num branco cobertor cego, Até que se faça a luz da Primavera Capaz de me descortinar Os sonhos adormecidos... Penso e torno a pensar!

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