Contra as Bruxas
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Na construção dos dias vem a desconstrução do ser. Coisas da vida!
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Agora, Etiquetas: Desabafos
(...)
Não foi para morrer que nós nascemos,
não foi só para a morte que dos tempos
chega até nós esse murmúrio cavo,
inconsolado, uivante, estertorado,
desde que anfíbios viemos a uma praia
e quadrúmanos nos erguemos. Não.
Não foi para morrermos que falámos,
que descobrimos a ternura e o fogo,
e a pintura, a escrita, a doce música.
Não foi para morrer que nós sonhámos
ser imortais, ter alma, reviver,
ou que sonhámos deuses que por nós
fossem mais imortais que sonharíamos.
Não foi.
Jorge de Sena
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Cortaram as asas Etiquetas: Outras Vozes
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"Nuvens... Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também. Nuvens. Que desassossego se sinto, que desconforto se penso, que inutilidade se quero!"
Bernardo Soares, O LIVRO DO DESASSOSSEGO
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Noutro tempo, quando eu era pequena, a minha mãe estendia roupa como se fizesse magia, enquanto cantava e sorria... Eu ficava a ver a roupa a esvoaçar nas suas cores e formas díspares. Um fio imenso que atravessava a paisagem.
Ficava a ouvir as modas que ela persistia em cantar e à espera dos seus sorrisos cúmplices. A minha mãe era, então, como uma nuvem branca e robusta que me enchia de tranquilidade, de certezas e de conforto.
Hoje, de olhos fechados, mas abertos, ainda a vejo e sinto-me renovada, como se pudesse ficar ali para sempre...
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Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei,
não vai salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco mais.
Palavras que te quero confiar, para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei, que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade
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